Nunca é tarde demais

Por ser especialista em reprodução humana, recebo pacientes queixando-se de infertilidade com grande frequência. Mas algumas vezes lamento o fato delas terem me procurado tão tarde. Não as culpo, muitas pessoas não têm acesso a informações relacionadas com reprodução assistida. Os textos em revistas e jornais são superficiais e não focam o mais importante: a individualização de cada caso. Este texto não tem a pretensão de esclarecer tudo em reprodução assistida, mas gostaria de mostrar as mulheres quando devemos buscar uma opinião profissional.

Engravidar, ao contrário do que imaginamos, não é uma tarefa fácil. Por isto, um casal que está tentando engravidar há menos de um ano não deve, necessariamente, ficar preocupado. Mas existem exceções. Costumo falar para minhas jovens pacientes que até trinta e cinco anos o que a mulher mais tem é tempo. Mas, apesar de achar todas as mulheres jovens e lindas, após esta idade o tempo está contra nós. Explico: pacientes até trinta e cinco anos devem tentar engravidar de forma espontânea e caso isso não aconteça em um ano, deve procurar um especialista em reprodução assistida. Já as pacientes acima desta idade devem tentar engravidar em seis meses de forma natural, não mais que isso. E para as mulheres de quarenta anos ou mais a reprodução assistida deve ser a escolha imediata ao pensar em gestar.

Mas é aquelas mulheres que ainda não encontraram o homem certo ou que estão muito focadas na carreira profissional e não pretendem engravidar antes dos quarenta anos? Essas mulheres têm hoje uma opção segura de preservação de sua fertilidade através do congelamento de seus óvulos ou de embriões, com seus parceiros ou com utilização de espermatozoides de bancos de sêmen. O importante é saber que a idade ideal para esse procedimento deve ser anterior aos seus trinta e cinco anos, pois do ponto de vista reprodutivo, mulheres acima desta idade possuem óvulos cada vez menos saudáveis.

Muitas leitoras citarão casos de gestações em faixas etárias mais elevadas. Realmente, elas podem acontecer, mas não devemos contar com exceções quando existe um desejo genuíno de planejar sua família para um futuro distante. No entanto, nunca será tarde demais, nem para as mulheres que estão na menopausa. Ainda se pode gerar um filho através da doação de óvulos. Antes de se fechar a esta ideia você deve saber que a impressão digital do feto é formada dentro de sua cavidade uterina e que ele possui esta característica única graças ao contato com seu útero.

Mas existem ainda aquelas mulheres que não possuem mais útero. Para estas, por enquanto, existe a possibilidade de utilizar uma barriga solidária. Por enquanto, pois no último congresso de cirurgia laparoscópica da academia americana presenciei ao procedimento de transplante uterino. Técnica que está evoluindo e será uma outra forma de ajudar as mulheres a gerar seus bebês.
Por isto, esclareçam suas dúvidas e planejem com cuidado seu futuro reprodutivo, mas jamais deixem de acreditar que a gestação é possível para você.